O pau que dá em chico dá em Francisco...

Luiza Erundina: "Podem odiar São Paulo, mas não saem daqui"

Deu amargura nas almas paulistanas a notícia de que mais da metade dos habitantes da "São São Paulo" de Tom Zé deseja mesmo é mudar de engarrafamento. Ou melhor: partir, zarpar, abrir o gás, sumir da maior metrópole da América do Sul. Encomendada pelo Movimento Nossa São Paulo, uma pesquisa do Ibope, realizada entre 2 e 16 de dezembro de 2009, apontou que 57% dos entrevistados desejam deixar de morar em São Paulo, se fosse possível. Para 87% das pessoas, a capital é um lugar inseguro para se viver.
"Crescem flores de concreto/Céu aberto ninguém vê", como descreve a canção de Tom Zé, mas a ex-prefeita paulistana e deputada federal, Luíza Erundina (PSB), se enquadra na porção dos 43% que querem ficar. Paraibana radicada em Sampa, Erundina afirma que a rejeição é "circunstancial" e se deve aos meses de desastres e enchentes. Con amore, proclama: "As pessoas podem até odiar essa cidade, mas não saem daqui".

- É muito fácil dizer que vai embora de São Paulo. Ir embora como? Para onde? Fazer o quê? É aqui onde tem escola, estudo, ciência, conhecimento, oportunidades de trabalho. Tudo bem, o ideal seria você não ter um crescimento tão célere. Mas, ficar assim é um fenômeno urbano do Brasil, do mundo todo - avalia Erundina

Para a ex-prefeita, os problemas paulistanos (violência, enchentes, saúde, transporte, educação) são comuns a outras cidades brasileiras e precisam ser combatidos com políticas metropolitanas, descentralizando-se o poder da prefeitura. Através de um projeto de emenda constitucional, ela propôs a municipalização das políticas de segurança pública. Será necessário enfrentar o que chama de "cultura política autoritária".


- Você tem que dividir o poder. Tem que conferir poder real à gestão da cidade, na dimensão mais local possível. Cada subprefeitura dessa é uma cidade com milhões de pessoas. A dificuldade é nossa cultura política autoritária, não só de São Paulo, mas brasileira. A cultura política brasileira não admite dividir o poder com a fonte do poder, que é o povo - critica Luíza Erundina.

Terra Magazine   Claudio Leal

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