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Acordo do Sindmotoristas prevê fim dos cobradores de ônibus

Com o argumento de que apenas 8% dos usuários de ônibus na capital pagam as passagens com dinheiro, o Sindicato de Motoristas e Cobradores (Sidmotoristas) e o das empresas assinaram acordo para acabar com a função de cobrador em São Paulo. Por dia, a frota de ônibus (que não inclui vans e micro-ônibus)transporta 5,5 milhões de pessoas.  A proposta não foi comunicada pelas entidades à Prefeitura, não tem data definida para ser adotada e deve ser implantada aos poucos. A Secretaria de Transportes informou, por nota, que não tem nenhum estudo para retirada destes trabalhadores dos coletivos. A intenção de remanejar cobradores para outras funções foi apresentada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) e aprovada pelos trabalhadores em assembleia no dia 18. “Essa é uma discussão que se arrasta desde a gestão Celso Pitta (1997-2000), mas na época não havia garantias de que não ocorreriam demissões”, afirma o diretor de comunicação do Sindmotoristas, Nailton Francisco. Segundo promessas do sindicato que representa as 32 empresas que operam na capital, os cobradores farão funções como mecânicos, fiscais, manobristas em pátios e até motoristas. Além disso, segundo o acordo, o motorista que trabalhar sem o cobrador receberá adicional de R$ 250. Para passageiros, cobradores e motoristas, a mudança não é bem vinda. “E quem não está acostumado a andar de ônibus e embarca com dinheiro?”, diz a ajudante de cozinha Maria Solange de Fátima, de 40 anos. Outras preocupações dos usuários são a fila para entrar no coletivo e a segurança. “O motorista terá que cobrar a passagem de quem embarca com dinheiro. Ou dirige ou dá o troco. Ele não vai prestar atenção nas duas coisas”, afirma o encarregado de almoxarifado Mauro Henrique Alves de Oliveira, de 35 anos. Entre os cobradores, a preocupação é o desemprego. “Não dá para confiar. Não vai ter como recolocar todos os cobradores em outras funções”, diz o cobrador Anderson Medeiros da Rocha, de 30 anos. A capital tem uma frota de 8.370 ônibus e cerca de 15 mil cobradores e 15 mil motoristas. Motorista há 16 anos, Clodoaldo Alves da Silva, de 37 anos, diz que seu trabalho ficará mais difícil sem o cobrador. “Ele (cobrador) ajuda idosos e deficientes a embarcarem, orienta numa manobra mais complicada. Eu sozinho não tenho como fazer isso”, diz. Segundo a lei municipal 13.207 de 2001, é obrigatório que todos os ônibus tenham um “funcionário além do motorista” para auxiliar usuários, ajudar o motorista, evitar o não pagamento de passagem e fazer a cobrança quando necessário. A assessoria de imprensa da Câmara Municipal informou que não há nenhum projeto de lei preveja a alteração da lei. Questionada sobre o possível não cumprimento da legislação, a SPUrbanuss diz que a mudança não vai ferir a lei. “Não existe exigência de que o ônibus tenha um motorista e um cobrador e sim um segundo tripulante”, afirma em nota. O sindicato diz ainda que há “um movimento que prevê o esvaziamento da função relativa à cobrança. As etapas, bem como as iniciativas para que isso aconteça, serão avaliadas”. CRISTIANE BOMFIM

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